O trilho da Serra Devassa PRC05 SMI percorre parte da Área protegida das Sete Cidades na Serra Devassa na ilha de São Miguel, Açores. O percurso oficial é uma pequena rota circular com 4.9 km e que nos leva vários cones vulcânicos e pequenas lagoas. A extensão à Grota do inferno são mais 2 km (4 ida e volta).
A caminhada para o Miradouro da Grota do Inferno (também conhecido como Boca do Inferno) inicia-se exatamente no mesmo ponto do trilho oficinal, mas na direção oposta. Assim, pode fazer apenas a visita ao Miradouro, ou o trilho da Serra Devassa, ou ambos. Aqui vamos descrever os dois, pois acreditamos que valem mesmo a pena.
Na nossa opinião este é um dos trilhos a não perder em São Miguel, e um dos melhores trilhos de Portugal pois leva-nos a paisagens únicas no nosso país, e se fizer a extensão à Grota do Inferno vai ver aquele que é talvez ao miradouro mais bonito para a inesquecível lagoa das sete cidades.
Tal como todos os percursos oficiais em São Miguel, o início do percurso está bem marcado e é fácil de identificar. Tem também um grande parque de estacionamento pois este trilho é muito popular, seja pelo percurso oficial, como pela extensão ao Miradouro da Grota do Inferno.
Trilho da Serra Devassa – informação geral
- Nome: Trilho da Serra Devassa (+ ida à Grota do Inferno)
- Início: Parque de Estacionamento do lado contrário da Estrada à Mata do Canário
- Fim: Parque de Estacionamento do lado contrário da Estrada à Mata do Canário
- Distância: 4.5 km (+4 km para ir ao Miradouro da Grota do Inferno)
- Tempo necessário: 2h30 ( + 1 hora para a Grota do Inferno)
- Dificuldade: Moderado para o Trilho da Serra Devassa, fácil para a extensão à Grota do Inferno. Se fizer tudo, moderado a difícil pois a distância e subidas e descidas começam a acumular.
- Máx/min altitude: 727/848 metros
- Ganho de altitude: N/A metros
- Tipo: Circular
- Sinalização (1-5): 5, excelente
- Destaques: Várias lagoas da Serra Devassa, Miradouro da Grota to Inferno, se lá decidir ir.
- Pode fazer download do panfleto aqui
Nossa experiência no trilho da Serra Devassa e extensão à Grota do Inferno
Tal como dissemos inicialmente este percurso pedestre é circular e começa junto ao Parque de Estacionamento do lado contrário da Estrada à Mata do Canário. Lá vai encontrar um painel com toda informação sobre o trilho. É também a partir daqui que se vai à Lagoa do Canário e à Grota do Inferno, mas primeiro vamos fazer o trilho da Serra Devassa.
Nós demoramos cerca de 5 horas a fazer todo o percurso que vamos descrever – 2h30 no trilho da Serra Devassa, mais meia hora para um detour ao pico do Paul. Ir ao Miradouro da Grota do Inferno demorou-nos cerca de uma hora. O resto do tempo foi para tirar fotos, lanchar e descansar um pouco.
Trilho da Serra Devassa
Dado que estamos em plena Serra Devassa o percurso faz-se sempre com elevada altitude, entre os 750 e os 900 metros. É aconselhável fazer este caminho em dias de sol e boa visibilidade para tirar partido das vistas fabulosas de região.
A partir do painel de informação o trilho começa em direção contrária à mata da lagoa do canário e passados algumas centenas de metros começados a subir. Primeiro levemente pela encosta até uma zona pantanosa – tenha atenção se estiver chovido/a chover – depois mais a sério até uma bifurcação.
Apenas a partir desta bifurcação é que o trilho é realmente circular, o que significa que vamos ter de aqui voltar no caminho para trás e que tanto podemos ir pela direita ou esquerda. Na bifurcação aconselhamos virar à direita e começamos a subir mais a sério durante quase 1 km. Pelo meio temos uma pequena descida entre picos e lagoas de origem vulcânica.
Durante esta escalada, chegamos a dois picos de onde se vê diversas lagoas. A subidas são bem inclinadas, mas seguras e as vistas são de outro mundo. O Pico das Éguas é o ponto alto do percurso, literalmente e figurativamente. Dali vê-se a Lagoa das Éguas à esquerda e a Lagoa Rasa em frente.
A partir do Pico das Éguas temos de descer em direção à lagoa das Éguas durante uns 500 metros, o que significa que é bastante inclinado, mas se fizer de botas de caminhada é seguro e não escorrega mesmo quando está molhado. Chegados ao ponto inferior vamos contornar a lagoa pela direita. Aqui é possível ir à margem da lagoa, o que aconselhamos.
Eventualmente vai-nos aparecer outra bifurcação com indicação de lagoas empanadas. O trilho oficial segue por aqui e entramos numa belíssima floresta. Até às lagoas é sempre a descer, mas é um estradão fácil e muito agradável. Lá em baixo chegamos às margens das lagoas. Dá para caminhar em sua volta e fazer um picnic. Note que ainda temos bastante caminhada pela frente.
Depois de descansar e apreciar as espetaculares lagoas empanadas e a mata circundante temos de voltar pelo mesmo caminho que viemos até à bifurcação. Quase lá em cima aparece uma indicação para o Pico do Paul.
Ir ao Miradouro do pico do Paul
Este detour são uns 500 metros sempre a subir e não faz parte do percurso oficial. Se quiser lá ir, tenha em conta o seu tempo e capacidade física, pois apesar de não ser excecionalmente duro, o desnível e horas de caminhada começam a acumular-se.
Nós fomos lá cima, e recomendamos, pois, é um miradouro muito bonito. Semelhante ao do Pico do Carvão de onde se vê quase toda a costa norte da ilha. No total demoramos uns 30 minutos.
Depois do Pico do Paul temos de regressar exatamente por onde viemos até ao início deste detour. A partir destes dois desvios voltamos ao caminho principal contornando o pico das Éguas (fica à nossa esquerda). Inicialmente é sempre a subir até à bifurcação inicial e depois a descer pelo caminho original até ao parque de estacionamento.
Grota do Inferno ou Boca do Inferno
Se quiser ir à grota do Inferno pode fazê-lo muito facilmente a partir do parque de estacionamento. Para isso basta atravessar a estrada, entrar na Mata do Canário e seguir pela estrada. A primeira coisa que vai ver é a Lagoa do Canário à esquerda. Aproveite para lá ir. Vale a pena, é uma lagoa muito bonita.
O caminho até à grota do Inferno é muito fácil. Basta seguir o estradão que está em boas condições e é plano. Esta parte pode ser feita por literalmente qualquer pessoa. São cerca de 1700-1800 metros que se fazem muito facilmente no meio da floresta. Eventualmente chegamos a uma subida e aqui a coisa complica-se um pouco para quem tem problemas de mobilidade.
Se conseguir subir os primeiros metros ainda é possível ter uma bela vista, mas a partir daí temos uma subida muito curta, mas inclinada. São apenas uns 100 metros, mas será problemático para idosos e pessoas com falta de mobilidade.
No final da subida continuamos por um pequeno trilho na aresta da montanha até ao famoso miradouro da grota do Inferno. Este é talvez o miradouro mais bonito de São Miguel, e este não é um título fácil de se conseguir!
Deste miradouro temos uma vista privilegiada sobre a freguesia das Sete Cidades e a Serra Devassa, incluída a famosa Lagoa das sete cidades (sobretudo o lago azul), a Lagoa Rasa, a Lagoa de Santiago e a Lagoa do Canário. É uma das razões para considerarmos as sete cidades um dos 25 lugares mais bonitos de Portugal.
Para voltar tem apenas de seguir exatamente pelo mesmo caminho. Tenha atenção na descida.
Melhor altura do ano para fazer o trilho
Este é um trilho que pode ser caminhado durante todo o ano, mas é sem dúvida ideal para dias de sol e sem nevoeiro para se poder tirar partido de toda a beleza das paisagens e especialmente das muitas lagoas e miradouros.
Tal como toda a ilha, o momento ideal será na primavera quando conseguimos o ponto ideal entre bom tempo, menos turistas e ainda a natureza em todo o seu esplendor devido às muitas flores presentes na área.
No entanto, é perfeitamente possível caminhar o trilho da Serra Devassa no Inverno (foi o que fizemos). É mais provável haver mudanças rápidas de tempo e mais difícil apanhar dias claros. O solo também está mais húmido, mas o percurso é não muito escorregadio.
Quando estiver a planear fazer este percurso, tenha especial atenção à previsão de tempo e note que este muda muito rapidamente – tanto pela montanha como pelo clima insular.
Relativamente à parte da grota do Inferno é preciso notar que só vale a pena lá ir se houver visibilidade. Com nevoeiro não vai ver nada, e mesmo com tempo de chuva o lugar perde um pouco da sua magia devido à ausência de cor.
Quem pode fazer o trilho da Serra Devassa?
Na nossa opinião, qualquer pessoa habituada a fazer caminhadas consegue fazer o trilho da Serra Devassa. Este não é particularmente duro nem técnico e está bem marcado. No entanto é mais difícil do que parece à partida. O acumulado não é assim tão elevado, mas estamos praticamente sempre em subida ou descida, com algumas partes bem inclinadas (mas curtas e não técnicas).
Se estiver a pensar fazer a extensão à grota do Inferno e ao Miradouro do Pico do Paul então a nível de dureza sobe um pouco pois a distancia e a elevação acumulada aumentam. Conte com umas 4 a 5 horas para fazer tudo: 2horas e meia para o trilho principal, meia hora para ir ao Pico do Paul e uma hora para ir e voltar ao Miradouro da Grota do Inferno.
Se estiver a pensar apenas ir à Grota do Inferno então o percurso é muito fácil dado que é sempre plano até aos últimos 200 a 300 metros em que sobe mesmo muito. Apenas pessoas com mobilidade reduzida terão problemas em chegar ao miradouro final.
O que levar?
Se estiver a pensar fazer o percurso completo que aqui sugerimos conte com pelo menos 4 horas de caminhada, mais uma hora para tirar fotos, descansar e lanchar. Dado que não existe nenhum local para comprar nada, terá de levar tudo consigo. Por outro lado, o trilho não é técnico pelo que não precisa de levar nada em especial.
Assim sugerimos que leve:
- Agua (Cerca de 1l por pessoa, mas talvez mais se estiver muito quente e húmido);
- Snacks para se alimentar;
- Calçado de caminhada confortável, mas o ideal é botas de caminhada. As botas são especialmente úteis no Inverno. Não use calçado do dia a dia pois provavelmente vai sujá-lo;
- Roupa confortável;
- Casaco de chuva – no Inverno é obrigatório, mas mesmo no verão o tempo pode mudar rápido. No Inverno leve também roupa quente pois em altitude faz mais frio e vento do que junto ao mar;
- Óculos de sol, chapéu e protetor solar no verão;
- Câmara e telemóvel, pois existem muitas oportunidades para tirar belas fotos. Telemóvel também para ser usado como GPS, mas o trilho está excelentemente marcado;
- Mochila pequena para levar tudo isto;
Como sempre, por favor não faça lixo. Este percurso passa por zonas classificadas como Paisagem Protegida. Contribua para a sua proteção e assegure a sua biodiversidade através da conservação deste habitat natural. Traga consigo todo o lixo que produzir (e, se puder, mais algum que encontrar).
Como chegar ao trilho?
Tal como referimos inicialmente o trilho inicia-se e termina junto ao Parque de Estacionamento contrário da Estrada à Mata do Canário e está bem sinalizado com um painel informativo e mapa. O parque de estacionamento fica mesmo junto à Estrada EN 9-1A.
A partir de Ponta Delgada são apenas cerca de 17 km que se fazem em cerca de meia hora. O percurso é bastante simples, deve seguir na EN1-1A em direção a oeste, ou seja, Ferraria/Mosteiros/Sete Cidades. Alguns km depois terá de virar à direita para o centro da ilha e seguir nessa estrada até ao Parque de Estacionamento. Pelo meio vai passar pelo miradouro do Pico do Carvão que também é bastante bonito.
O início deste trilho fica também bastante perto das Sete Cidades. De lá são cerca de 10 km que se fazem em 15 minutos. Sobe bastante, mas a estrada é boa e permite vistas fantásticas para as várias lagoas da região.
Onde ficar quando fizer o percurso pedeste da Serra Devassa
Apesar de ser a maior ilha dos Açores, São Miguel é relativamente pequena e as estradas boas. Pode chegar ao início do trilho a partir de quase qualquer ponto da ilha em menos de uma hora. Assim, sugerimos que fique alojado sempre em Ponta Delgada e faça viagens diariamente para as atrações. Este caso não é excepão.
Ponta Delgada é a maior cidade de São Miguel e onde vai encontrar mais hotéis, bares, restaurantes e tudo o que precisar para uma boa estadia. Em Ponta da Delgada a nossa recomendação passa estes alojamentos:
- Hotel Alcides – hotel situado no coração do centro histórico de Ponta Delgada. Ideal para quem quer explorar a cidade ao final do dia. Tem ótimo pequeno-almoço. O restaurante do hotel é um dos mais famosos e populares da ilha, sobretudo devido ao seu bife. Marque aqui.
- Herdade do Ananás – Um bocadinho já fora do centro mas é um hotel que vale a pena devido ao jacuzzi na dentro da plantação de Ananás. É sem dúvida uma experiência. Veja os preços e disponibilidade aqui.
- Azores Dream Hostel – provavelmente a melhor opção em Ponta Delgada para quem procura um alojamento barato sem perder no conforto. Reserve aqui.
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