Trilho de Sanguinho e Salto do Prego – PRC09 SMI

O trilho de Sanguinho é um dos mais populares na ilha de São Miguel, Açores, e é fácil de perceber porquê. Este percurso pedestre circular tem oficialmente 4.5 km e leva-nos à mítica aldeia fantasma de Sanguinho, à idílica cascata do Salto do Prego e ainda é possível facilmente estendê-lo até ao Salto do Cagarrão (+4 km ida e volta).

Situado em Faial da Terra, Povoação, este é um dos nossos trilhos favoritos dos Açores e por isso também faz parte da nossa lista dos melhores trilhos de Portugal.

Quando fizemos o trilho do Sanguinho aproveitamos também para ir ao Salto do Cagarrão e por isso vamos também aqui descrever como pode fazê-lo. Não tem nada que enganar, mas é um pouco duro e técnico, especialmente na época das chuvas.

Todo o percurso está bem marcado e o início é fácil de identificar, como todos os percursos oficiais que conhecemos em São Miguel. Aconselhamos que leve GPS, mas provavelmente não irá precisar.

Trilho de Sanguinho e Salto do Prego – informação geral

  • Nome: Trilho de Sanguinho e Salto do Prego – PRC09 SMI
  • Inicio: Faial da Terra
  • Fim: Faial da Terra
  • Distância: 4.5km, o percurso normal, 8.5 km com ida e volta ao Salto do Cagarrão
  • Tempo necessário: 2 horas para os 4.5 km, cerca 4 horas para os 8.5 km
  • Dificuldade: fácil a moderada, se for o trilho oficial. Moderada a difícil com extensão ao salto do Cagarrão
  • Máx/min altitude: 220/ 20 metros
  • Tipo: Circular, com dois detours para ver as cascatas
  • Sinalização (1-5): 5, excelente
  • Destaques: Sanguinho, Salto do Prego, Salto do Cagarrão, paisagens naturais da floresta
  • Pode fazer download do panfleto aqui

Nossa experiência no trilho de Sanguinho

O trilho de Sanguinho (PRC09 SMI) começa e termina na pequena aldeia de Faial da Terra, concelho de Povoação, São Miguel, Açores. O painel informativo que marca o início do trilho fica dentro da aldeia junto à paragem de autocarros, e tem alguns lugares para estacionar na rua.

É possível levar o carro pela de asfalto algumas centenas de metros mais à frente e deixá-lo no limiar da aldeia e poupar este bocado de caminhada que se faz no início e fim do trilho.

Caminho em terra batida onde pode estacionar o carro para fazer o trilho de Sanguinho
Apesar de este não ser o início oficial pode começar o trilho neste ponto mais à frente

A primeira parte do trilho é feita sempre ao longo da ribeira, primeiro pela rua asfaltada que falamos acima e depois por um percurso pedestre. Desde o início do trilho que a caminhada é a subir, mas nada de demasiado duro. Rapidamente a vegetação fica mais cerrada, primeiro com alguns pomares familiares, depois com floresta densa.

Eventualmente chegamos a uma ponte sobre a ribeira. Temos que a atravessar e começar a subir do outro lado. Esta é uma subida bem mais dura até chegarmos a uma bifurcação. Na bifurcação vai ver a sinalética que lhe indica o caminho a seguir para o Salto do Prego. Não tem como enganar.

Ponte de madeira sobre o rio no meio do trilho de Sanguinho e Salto do Prego
Caminho ao longo do rio tem que passar uma ponte de madeira para prosseguir o trilho

Após virarmos para o salto do Prego continuamos a subir apesar de ter alguns descansos. A mais ou menos meio caminho tem um novo desvio para o trilho PR 11 SMI. Este é o caminho que mais tarde nos vai levar ao Salto do Cagarrão. Por agora seguimos em frente. São apenas uns 500 ou 600 metros para chegar ao salto do Prego, mas parece mais. Ao chegar à cascata tenha atenção pois a descida pode ser complicada se estiver molhado.

Cascata Salto do Cagarrão que cai da montanha com um lago pequeno
Cascata Salto do Cagarrão, no verão é possível nadar na lagoa

No Salto do Prego não se esqueça também de subir pelo caminho do lado esquerdo para ver a parte superior da cascata. A vista de lá de cima é mesmo muito bonita.

Depois de tirar fotos, ganhar fôlego, lanchar e até ir a banhos se for época disso (nós fomos no inverno, não estava tempo para tal), temos de regressar. Para regressar temos de voltar exatamente pelo mesmo caminho até à bifurcação para o que no leva ao salto do Cagarrão.

Se tiver energia vire à direita e comece a subir. Se não quiser ir ao Salto do Cagarrão, é só continuar em frente pelo caminho de onde veio.

vista da cascata Salto do Cagarrão rodeado por floresta
Miradouro para o Salto do Cagarrão

Extensão ao Salto do Cagarrão

Na nossa opinião vale bem a pena ir ao Salto do Cagarrão. Ainda assim, temos de ressalvar que a cascata do Salto do Cagarrão é mais pequena e talvez não tão bonita como o Salto do Prego. Além disso, é um caminho de ida e volta que soma quase 4 km, e bastante duro. No entanto, a cascata é muito bonita e se estiver em época de chuva tem muita água como pode ver nas fotos.

Virando em direção ao Salto do Cagarrão, vamos imediatamente notar que a subir inicial é bem dura, muito inclinada e por vezes um pouco escorregadia. Não tem rochas, mas esta é uma zona onde chove muito e é normal estar húmido.

Cruzamento na floresta durante o trilho de Sanguinho
Cruzamento na floresta durante o trilho de Sanguinho

A parte inicial de 200 ou 300 metros é a mais dura, mas o caminho é praticamente sempre a subir durante mais de 1 km. Depois alivia e eventualmente começa a descer ligeiramente. A cerca de 200 metros da cascata temos de virar à direita (está indicado mais uma vez) e a descida final para a cascata é mesmo muito inclinada. Aconselhamos bastante atenção pois uma distração pode ter consequências graves.

Todo este percurso é feito na margem do desfiladeiro, tornando a caminhada um pouco mais aventureira, mas não é especialmente perigosa nem técnica. Apenas é necessária alguma atenção. Por outro lado, prepare-se para apanhar muita lama se estiver a chover ou tiver chovido nos dias anteriores.

A cascata do Salto do Cagarrão é bastante mais baixa que a do Salto do Prego, mas ainda assim é bastante impressionante e tem um belo lago na sua parte inferior. No Verão deve ser bastante apelativa para ir a banhos e refrescar um pouco.

Mulher a ver o Salto do Cagarrão com tronco enorme no meio da Cascata. É inverno leva imensa água
Salto do Cagarrão com tronco enorme no meio da Cascata

Depois do Salto do Cagarrão temos de voltar para trás exatamente pelo caminho que viemos até à bifurcação. Apesar de serem apenas cerca de 4 km, nós demoramos cerca de 2 horas no total. Uns 45 minutos a ir e para voltar e mais cerca de meia hora na cascata e tirar fotografias.

De volta à bifurcação do salto do Cagarrão, voltamos ao trilho oficial do PRC9 SMI, o trilho que aqui estamos a descrever. A partir daqui continuamos até ao cruzamento original e desta vamos em direção a Sanguinho. O caminho até sanguinho é ondulante com várias subidas e descidas pequenas algumas passagens em pontes de Madeira. Tenham cuidado pois podem escorregar se estiverem húmidas.

Parte do percurso pelo meio da floresta, em pedra antiga
Parte do percurso em pedra antiga

Chegados a Sanguinho vemos uma aldeia abandonada e, entretanto, em recuperação. Vai encontrar casas típicas e pequenas produções agrícolas. Hoje em dia já lá não mora ninguém, mas existem diversos alojamentos locais para quem quiser passar uns dias num refúgio longe de quase tudo.

A aldeia de Sanguinho deve o seu nome à planta endémica dos Açores Frangula azorica, que localmente tem exatamente o nome de sanguinho. Por outro lado, ganhou a alcunha de aldeia fantasma após uma reportagem da BBC que lhe conferiu alguma notoriedade devido à beleza do local e ruínas abandonadas.

Sanguinho foi habitada durante cerca de um século e foi construída como um refúgio às cheias da ribeira do Faial e aproveitando as terras férteis do local. Chegou a ter cerca de 20 casas habitadas, mas a emigração para a América do Norte e as dificuldades de acesso levaram ao seu abandono.

Aldeia fantasma de Sanguinho, com algumas casas renovadas e pintadas de branco e o antigo caminho em paralelo
A aldeia fantasma de Sanguinho

Depois de explorar este local único, continue a descer, agora pelo caminho em pedra de calçada. Mas tenha extrema cautela, pois o grau de inclinação deste caminho é muitíssimo elevado e o piso escorregadio torna este final de caminhada muito perigoso. É também extremamente cansativo pois temos de estar sempre concentrados e em esforço. É dos caminhos mais curiosos que já fizemos – as fotos não lhe fazem justiça.

Esta calçada leva-nos exatamente ao ponto de partida pelo que no Faial da Terra. No total demoramos cerca de 5 horas a fazer todo o percurso, sendo que poderia ter sido feito um pouco mais rápido caso fosse verão e estivesse menos molhado. A não ser que seja muito rápido, conte sempre com pelo menos 4 horas para fazer o caminho todo.

the incredible high slope of the way to Sanguinho
Isto é bastante mais inclinado do que parece

Melhor altura do ano para fazer esta caminhada

Nós fizemos esta caminhada durante o Inverno e numa altura em que tinha chovido bastante nos dias anteriores. Ainda assim, adoramos o trilho e conseguimos ir a ambas as cascatas e à aldeia de Sanguinho.

Assim, na nossa opinião este é um trilho que pode ser feito durante todo o ano, embora ofereça coisas bastante diferentes. No Inverno vai encontrar poucas pessoas e cascatas poderosas e com bastante água. No Verão é um trilho muito popular, mas as cascatas terão bastante menos água. Será também possível ir a banhos devido às temperaturas mais agradáveis.

A aldeia fantasma de Sanguinho será bem mais agradável com bom tempo pois permite explorar mais facilmente as ruínas e as paisagens. No inverno é também preciso especial cuidado com a lama e a humidade para não escorregar. Por outro lado, no Verão o calor húmido pode ser castigador e tornar a caminhada bem mais dura. Felizmente grande parte do caminho faz-se dentro da floresta.

Uma das muitas pontes da madeira do trilho de Sanguinho, com floresta a volta do percurso
Uma das muitas pontes da madeira do trilho de Sanguinho

Quem pode fazer o trilho?

Este não é um trilho técnico e qualquer pessoa habituada a fazer caminhadas não ver ter grandes problemas. A única coisa a ter atenção é mesmo a lama e água no caminho se houver/tiver havido chuva.

Também não é um percurso demasiado longo, e apesar de ser quase sempre a subir ou descer vai-se fazendo bem mesmo que não sejam pessoas muito atléticas. É perfeitamente possível fazer o trilho oficial com crianças e pessoas com alguma idade desde que não tenham problemas de mobilidade. A extensão ao Salto do Cagarrão é um pouco mais dura (também pelo acumular da caminhada) e mais adequada a caminhantes habituados a estas coisas.

Fazer a caminhada com crianças muito pequenas, bebés ou pessoas com dificuldade de mobilidade é altamente desaconselhável.

Mais uma pequena parte empedrada do percurso de Sanguinho e do Salto do Prego
Mais uma pequena parte empedrada do percurso de Sanguinho e do Salto do Prego

O que levar para o percurso pedestre de Sanguinho?

Se estiver a pensar fazer o percurso completo que aqui conte com pelo menos 4 horas de caminhada, mais uma hora para tirar fotos, descansar e lanchar. Dado que não existe nenhum local para comprar nada, terá de levar tudo consigo. Por outro lado, o trilho não é técnico pelo que não precisa de levar nada em especial a não ser botas de caminhada no Inverno.

Assim sugerimos que leve:

  • Agua (Cerca de 1l por pessoa, mas talvez mais se estiver muito quente e húmido);
  • Snacks para se alimentar;
  • Calçado de caminhada confortável, mas o ideal é botas de caminhada. As botas são especialmente úteis no Inverno. Não use calçado do dia a dia pois provavelmente vai haver muita lama;
  • Roupa confortável;
  • Casaco de chuva – no Inverno é obrigatório, mas mesmo no verão o tempo pode mudar rápido;
  • Óculos de sol, chapéu e protetor solar no verão;
  • Câmara e telemóvel, pois existem muitas oportunidades para tirar belas fotos. Telemóvel também para ser usado como GPS, mas o trilho está excelentemente marcado;
  • Mochila pequena para levar tudo isto;

Este percurso passa por zonas classificadas como Paisagem Protegida. Contribua para a sua proteção e assegure a sua biodiversidade através da conservação deste habitat natural. Traga consigo todo o lixo que produzir (e, se puder, mais algum que encontrar).

Mais uma ponte de madeira no meio da floresta
Mais uma ponte de madeira no meio da floresta

Como chegar ao início do trilho?

O trilho de sanguinho e salto do prego começa na aldeia de Faial da Terra, uma das seis freguesias do concelho de Povoação. Como sempre em São Miguel, o início do trilho está bem marcado pelo seu painel informativo e fica junto à paragem de autocarro da aldeia. Como a aldeia é bastante pequena não é difícil de encontrar. Além disso, está também marcado no google maps.

Faial da terra das aldeias mais remotas da ilha e das que ficam mais longe (em termos de tempo) de Ponta Delgada. A partir Ponta Delgada são 65 km que se fazem em 1 hora e 15 minutos, e basicamente temos de ir para as Furnas, depois Povoação e finalmente Faial da Terra. Não é difícil, as estradas são boas, se bem que com bastantes curvas e descidas – especialmente depois das Furnas.

Vista para Faial da Terra a partir do Trilho de Sanguinho com o tempo escuro. Vê-se o mar ao fundo
Vista para Faial da Terra a partir do Trilho de Sanguinho.

Onde ficar quando fizer este percurso pedestre?

Apesar de ser a maior ilha dos Açores, São Miguel é relativamente pequena e as estradas boas. Assim, sugerimos que fique alojado em Ponta Delgada e faça viagens diariamente para as atrações. Neste caso, pode chegar ao início do trilho a partir de qualquer ponto da ilha em cerca de uma hora.

Ponta Delgada é a maior cidade de São Miguel e onde vai encontrar mais hotéis, bares, restaurantes e tudo o que precisar para uma boa estadia. Em Ponta da Delgada a nossa recomendação passa estes alojamentos:

  • Hotel Alcides – hotel situado no coração do centro histórico de Ponta Delgada. Ideal para quem quer explorar a cidade ao final do dia. Tem ótimo pequeno-almoço. O restaurante do hotel é um dos mais famosos e populares da ilha, sobretudo devido ao seu bife. Marque aqui.
  • Herdade do Ananás – Um bocadinho já fora do centro mas é um hotel que vale a pena devido ao jacuzzi na dentro da plantação de Ananás. É sem dúvida uma experiência. Veja os preços e disponibilidade aqui.
  • Azores Dream Hostel – provavelmente a melhor opção em Ponta Delgada para quem procura um alojamento barato sem perder no conforto. Reserve aqui.

Alternativamente a ponta Delgada temos as Furnas. É uma zona com muitas atrações e por isso também bastante popular para ficar uns dias. E é bastante mais perto. Nas Furnas sugerimos o atlantic 3 bicas. Fica excelentemente localizada e tem excelentes reviews.

Por fim pode ainda tentar ficar alojado num dos Alojamentos locais de Sanguinho. Passar a noite na “aldeia fantasma”, será com certeza uma experiência única.

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Trilho de Sanguinho e Salto do Prego

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