A lenda do Milagre das rosas é uma das mais conhecidas da cultura popular portuguesa, e é sem dúvida uma das minhas preferidas. Depois da nossa última visita ao Sabugal, um dos lugares onde supostamente ocorreu este milagre, decidimos investigar um pouco mais sobre esta lenda, e “descobrimos” uma curiosidade no mínimo… engraçada… mas vamos explicar isso um pouco mais tarde.
A Rainha Santa Isabel de Portugal
O Milagre das Rosas é o mais famoso dos muitos milagres atribuídos à Rainha Santa Isabel, também conhecida como Isabel de Aragão. Nascida em 1271 em Saragoça, Aragão, Isabel desde sempre mostrou entusiasmo pela sua fé. Isabel de Aragão tornou-se Isabel de Portugal após o casamento com rei D. Dinis.
O casamento foi arranjado quando Isabel tinha apenas 10 anos, mas apenas ocorreu 7 anos depois em 1288 quando D. Isabel tinha 17 e D. Dinis tinha 26.
Isabel, agora de Portugal, manteve as suas práticas religiosas da juventude e a sua missão ajuda aos pobres e doentes. Estes seus hábitos e sua reputação terão com certeza ajudado a originar a sua lenda.
Além disto, Isabel também participou activamente na politica sendo um importante elemento conciliador nas negociações do Tratado de Alcanises entre Portugal e Castela em 1297, bem como em 1323 durante a guerra civil e ainda em 1336 evitando nova guerra entre Portugal e Castela (agora entre seu filho Afonso IV de Portugal e Afonso XI de Castela).
Foi beatificada em 1516 e canonizada em 1625.

Lenda do Milagre das rosas
Segundo reza a lenda, D. Isabel tinha o hábito de sair de manha com pão e outros víveres para dar aos pobres e desfavorecidos. Avisado do peso que este hábito estava a ter sobre o tesouro real e de que estas actividades pouco decorosas, D. Dinis decide verificar por ele próprio e numa gélida manhã de Inverno segue D. Isabel.
Após notar que D. Isabel levava algo escondido no seu regaço, surpreende-a perguntando onde ir tão cedo, ao que D. Isabel responde ao convento. Não satisfeito com a resposta D. Dinis insiste questionando:
– “O que levais aí?”
Ao que D. Isabel replica com a famosíssima frase:
– “São rosas, meu senhor!”
D. Dinis, com a certeza de que seria pão e outras esmolas, diz:
– “Rosas? Em Janeiro? Ousais mentir-me?”
Obrigada a mostrar o seu regaço, D.Isabel levanta o manto, e nesse mesmo momento para espanto e burburinho de todos o pão que levava transforma-se em belíssimas rosas de Inverno.
O Rei, surpreendido pelas rosas, pede desculpa à Rainha seguindo esta o seu caminho. O povo que ali se tinha juntado sabendo perfeitamente que a rainha levava pão e esmolas como era seu hábito, e que apenas um milagre poderia justificar o acontecimento começou a trata-la como Rainha Santa Isabel.

Onde decorreu o milagre das rosas
Existem muitas versões sobre o milagre das rosas da rainha Santa Isabel de Portugal e vários possíveis locais onde podem ter acontecido. Os dois locais mais usuais são o Castelo do Sabugal e o mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Mas também Tomar, Alenquer, Leiria e Estremoz clamam ter sido o local onde o milagre ocorreu.

Outras versões do milagre das Rosas
O milagre das rosas, como todas as lendas, tem imensas versões mas em todas elas a base é a mesma, a transformação de pão em rosas após a rainha ser surpreendida pelo rei. Tal como dissemos em cima, o local onde ocorreu também varia, mas a parte mais curiosa é mesmo o facto deste milagre ter ocorrido diversas vezes um pouco por toda a Europa.
De facto, existe até uma muito curiosa lenda de uma rainha Isabel da Hungria, que após ser surpreendida pelo marido a levar esmolas/pão para os pobres transforma-as em rosas. A melhor parte (e a tal que realmente nos surpreendeu) é que esta Isabel da Hungria é tia da Isabel de Portugal, pelo que parece que esta habilidade para fazer milagres era uma coisa de família!
Além das duas Isabel, rainhas de Portugal e Hungria, também Santa Zita em Itália, Santa Cacilda em Espanha, e Santa Roseline em França transformam pão ou esmolas em flores, normalmente rosas.

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