A segunda etapa do trilho dos pescadores oferece-nos paisagens fabulosas, com cenários incríveis e uma diversidade notável. A natureza mostra todo o seu esplendor entre Março e Junho, quando nos dá uma diversidade de cores cheiros e formas espantosa. Além do mais, tanto Milfontes como Porto Covo são vilas muito bonitas e atracções turísticas por si mesmo. Caso tenha tempo, vale a pena ficar um dia em cada uma delas.
O trilho dos pescadores é um conjunto de percursos pedestres que vão desde São Torpes a Lagos, num total de quase 230 km, em 14 etapas. Uma das grandes vantagens do trilho dos pescadores é que se pode fazer parcialmente, e apenas as etapas que quiseres. Neste artigo vamos falar da segunda etapa, que liga Porto Covo e Vila Nova de Milfontes.
Apesar de oficialmente esta ser a segunda etapa do trilho dos pescadores, a grande maioria das pessoas que faz esta Grande Rota, inicia-o em Porto Covo, pois a etapa 1 é bem curta e menos interessante. Com cerca de 20 km, ligando Porto Covo a Milfontes, a segunda etapa segue sempre ao longo da costa através de praias, cordões de dunas e arribas.
Além de descrevermos o trilho e tudo o que pode esperar desta etapa do trilho dos Pescadores, vamos também dar-lhe toda a informação logística de onde ficar, como lá ir, transferes, onde comer, etc. Se quiser ver a informação geral sobre o trilho dos pescadores clique aqui.
Trilho dos Pescadores – Porto Covo a Milfontes – informação geral
- Nome – Trilho dos Pescadores – etapa 2
- Inicio– Porto Covo
- Fim – VN Milfontes
- Distancia– 20km
- Tempo necessário – 7 horas
- Dificuldade técnica – Baixa
- Esforço físico – Médio alto
- Máx/min altitude: 50-0 metros
- Ganho de altitude: 200-180 metros
- Tipo – Linear
- Sinalização (1-5) – 5, praticamente perfeita
- Destaques: Porto Covo, Praia da Ilha do Pessegueiro, Praia do Malhão, VN de Mil Fontes
- Ciclável: Não
Nossa experiência no trilho
Esta segunda etapa do percurso de grande rota “trilho dos pescadores” inicia-se em Porto Covo e termina em Vila Nova de Milfontes. No total são cerca de 20 km, grande parte deles feitos em areia, muitas vezes fina e solta. Este tipo de solo torna o trilho bem mais duro do que se poderia esperar.
Nós demoramos quase 8 horas para o fazer, com cerca de 5 a 5:30 horas de caminhada, e o restante pausas para descansar, alimentar, ou simplesmente apreciar as vistas/tirar fotografias. Além da dificuldade causada pela areia, existem muito poucas sombras, pelo que o sol pode também tornar-se um obstáculo duro de roer. Por outro lado, o trilho é praticamente plano e sem dificuldades técnicas, facilitando um pouco a vida.
Assim, a nossa primeira dica é começar o trilho bem cedo, para evitar as horas de calor. Isto é especialmente importante se estiver a pensar fazer o percurso no Verão ou em dias quentes.
Este é um percurso feito quase sempre junto a arribas e falésias, com uma parte pelas dunas e até pela praia. A primeira parte do percurso vai de Porto Covo até à praia da ilha do Pessegueiro, seguindo sempre junto ao mar e com a ilha do pessegueiro em vista.
Quando se chega à praia, temos de atravessar a mesma até chegar ao forte de nossa senhora da queimada. Com o forte, a belíssima praia, e a ilha ao fundo, este é talvez o ponto mais icónico da caminhada. É também aqui que se tem uma última oportunidade para comprar água ou snacks, no entanto aconselhamos que já os traga de Milfontes, nunca se sabe se por alguma razão estará fechado.
A partir da Ilha do Pessegueiro continuamos para sul, sempre ao longo da costa, até chegar à Praia do Queimada. Aqui o percurso tem uma pequena parte que segue para dentro, mas é possível simplesmente continuar ao longo da praia até que o percurso oficial venha ter novamente à praia dos Aivados (facilmente reconhecível por não ter areia, mas godos).
Depois da praia dos Aivados o percurso volta a sair da praia para irmos para zona de dunas. Supostamente seria possível continuar pela praia (é mais perto e tudo), mas caminhar pelos godos é bem difícil, e demorado. Pior, é perigoso pois pode-se facilmente torcer um pé. Na nossa opinião, o melhor é mesmo seguir o percurso.
Seguindo o percurso, vamos por meio de dunas com areia solta e sem sombras, o que torna estes km bem durinhos, e provavelmente os menos bonitos do trilho. Passado algum tempo somos recompensados pelos duros km na areia, ao chegar à fenomenal praia do Malhão. Esta é uma das nossas praias favoritas na região, e um excelente lugar para se alimentar e descansar um pouco. Até porque vem aí mais Sol, e areia.
Depois de atravessar o Malhão chegamos a uns passadiços, onde se pode finalmente limpar um pouco da areia das sapatilhas e caminhar em chão duro para variar. Estes passadiços têm alguns miradouros estupendos – aproveite para tirar algumas fotos. Infelizmente caminhar em passadiços e terra vai durar pouco e rapidamente voltamos para areia, mas agora sempre ao longo da costa, junto às arribas.
A próxima paragem é a Praia da Angra da Cerva. É muito facilmente reconhecível pois forma uma baía com areia no meio das encostas rochosas. Dado que estamos a caminhar nas arribas, vamos ter de a contornar totalmente. Se quiser ir à praia vai ter de descer por um pequeno carreiro, e depois voltar a subir para a caminhada. É uma praia muito bonita, mas depois de tanto km na areia, descer à praia não parece tão apelativo assim.
Após a Praia de Angra da Cerva vamos continuar pelos pequenos carreiros no meio das dunas, cheias de plantas e flores (na Primavera). As dunas, as rochas, as flores, e as arribas tornam toda esta caminhada uma experiência fabulosa. Infelizmente, continuamos em areia, sempre areia durante mais 3 km, até chegar ao Porto das Barcas onde há finalmente um restaurante. Estes 3 km finais, em areia, e após uma horas de caminhada custam bastante. A paisagem é bonita, mas já só queríamos chegar a Milfontes.
Chegando a Porto das barcas, estamos a 1km de Milfontes, e o resto do percurso não é especialmente bonito. Milfontes pelo contrário, é uma vila costeira bem agradável, com vibe de praia e boa vida, como vamos explicar em baixo.
Por fim, temos de referir que todo o trilho dos pescadores está marcado em ambas as direcções, por isso se quiser fazer na direcção Sul-Norte entre Vila Nova de Milfontes e Porto Covo, é igualmente possível. A Sinalização nesta etapa é excelente, e não tivemos qualquer problema para a seguir.
Sobre Porto Covo
Porto Covo é uma pequena vila que durante a época baixa está adormecida, mas no Verão ganha uma outra vida. Está rodeada de bonitas praias, com destaque para a já falada ilha do Pessegueiro uns km a sul, e a Praia da Samoqueira a norte. É uma vila muito popular tanto entre portugueses como estrangeiros, pelo que existem bastantes alojamentos, restaurantes, mini mercados e cafés.
Equacione ficar pelo menos um dia extra para explorar Porto Covo com o tempo que esta merece.
Alojamento em Porto Covo
Existem imensos alojamentos em Porto Covo, nomeadamente alojamento local e hostels. Quando fizemos o trilho dos pescadores ficamos no Ahoy hostel e acreditamos ser uma excelente opção. Além de ter uma excelente relação qualidade-preço, fica bem localizados mesmo no centro de Porto Covo, perto de supermercados, restaurantes e snack-bares.
No entanto a grande vantagem é que o nosso host conhece muito bem o trilho dos pescadores, e pode dar algumas dicas de última hora valiosas. Por exemplo a ideia de seguir pela praia após o forte da ilha do Pessegueiro, foi dele. Se quiser ficar no Ahoy hostel clique aqui.
Onde Comer em Porto Covo
Em Porto Covo existem vários restaurantes de qualidade, mas temos de referir o Restaurante Zé Inácio onde comemos excelentemente, nomeadamente peixe e frutos dos mar. Não se esqueça de comprar abastecimentos para a viagem no mini mercado, ou nos snack-bares. Pergunte no seu hostel quais os cafés que abrem cedo para poder tomar o pequeno almoço e sair bem cedinho.
Sobre Vila Nova de Milfontes
O destino final deste trilho é Vila Nova de Milfontes, talvez a mais bonita vila costeira do Alentejo, e talvez por isso seja chamada de “princesa do Alentejo”. Situada na foz do Rio Mira, Milfontes é um excelente destino de praia e de desportos aquáticos, nomeadamente SUP e canoagem. Naturalmente Milfontes tem imensos restaurantes, bares, cafés, mini mercados e supermercados, hostels, apartamentos e hotéis. Existem opções para todos os gostos.
Se estiver a fazer o trilho dos pescadores, Milfontes é um local ideal para tirar um dia de descanso. A vila é grande, com bastante coisas para fazer, e esta etapa 2, é bem dura.
Onde ficar em Milfontes?
Quando fizemos o trilho dos pescadores, ficamos nos Apartamentos Victoria. Escolhemos este alojamento sobretudo pelo seu preço baixo e boa localização. Clique aqui para ver mais informação.
Existem no entanto imensas opções de alojamento em Milfontes, com alternativas para todo o tipo de preço e viajantes. Veja aqui.
Onde Comer em Milfontes?
Tal como referimos em cima Milfontes é um destino de férias muito popular e naturalmente existem diversos restaurantes de qualidade. Sugerimos que aproveite para comer peixe e marisco, e claro comida tradicional alentejana.
O mais conhecido (e possivelmente o melhor) restaurante em Milfontes é o Pátio Alentejano, mesmo no centro. Boas alternativas são o À Fateixa, junto ao porto, e o Choupana na praia do farol. O À Fateixa surpreendeu-nos pela qualidade e preços acessíveis. É também conhecido pelos caracóis, para quem gosta…
Melhor altura do ano para fazer o trilho
A melhor altura do ano para caminhar o trilho dos pescadores é a Primavera, nomeadamente em Abril / Maio. Alternativamente o inicio de Outono será também excelente, sobretudo porque o mar estará com temperaturas bem mais agradáveis e esta etapa tem imensas praias convidativas.
No entanto, entre a Primavera e o Outono, a nossa preferência vai para a Primavera sobretudo porque é quando a vegetação está mais bonita, com flores selvagens por todo o lado. Em ambos os períodos os dias serão longos, e com temperaturas mais agradáveis para longa caminhadas.
No Verão temos o problema do calor, e é realmente um problema. Notem que 90% do trilho é feito ao sol, sem sobras no percurso nem grandes hipóteses de fugir do sol pois a vegetação é sobretudo rasteira. Por outro lado, tem a vantagem da água do mar estar também mais quente.
Durante o Inverno, o frio, a chuva e o vento podem tornar o trilho bem duro e menos agradável. No entanto, nunca o fizemos nesta altura.
Quem pode fazer o trilho?
Este é um trilho para pessoas com alguma resistência física e sem qualquer problema de mobilidade. A idade não deverá ser um factor, mas sim a capacidade física. Desaconselhamos que faça com crianças pequenas, pois poderá ser demasiado duro, mas adolescentes e talvez pré-adolescentes habituados a fazer exercício consigam fazer esta etapa.
Notar que uma boa parte do percurso é feito em arribas e desfiladeiros pelo que pessoas com medo de alturas ou vertigens poderão ter problemas em certas partes.
O que levar?
Este trilho é uma das etapas do trilho dos pescadores. Devemos assim diferenciar se vai fazer apenas esta etapa ou vários dias. A regra geral é nunca fazer caminhadas com mais de 10% do nosso peso, mas se estiver a fazer um percurso de vários dias, temos de ter especial atenção ao que levar pois quanto menos peso melhor.
Caso vá fazer vários dias aconselhamos que veja este artigo. Se vai fazer apenas esta etapa entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes sugerimos que leve:
- Muita água (no mínimo 2l por pessoa) – leve sempre água para todo o dia pois é muito provável que não tenha oportunidade de comprar durante quase todo o percurso.
- Snacks para se alimentar durante o dia. Não existem restaurantes durante quase todo o percurso, entre a ilha do pessegueiro e entrada das barcas.
- Calçado de caminhada confortável – Faça a caminhada com calçado de caminhar ou correr. Nós usamos sapatilhas de corrida, mas há quem sugira usar calçado de caminhada. Sapatilhas têm a desvantagem de precisar de tirar a areia regularmente, mas a vantagem de ser bem mais frescas; Não use os chinelos para fazer as caminhadas, é muito tempo e vai tornar-se desconfortável.
- Roupa leve e confortável; Nós levamos uma muda de roupa por dia, e levamos algumas peças de roupa antiga que deitamos fora após usar. Menos peso para os dias seguintes;
- Não esquecer de levar pelo menos uma camisola mais quente ou hoodie pois de manhazinha pode fazer bem mais frio do que espera, nomeadamente fora do Verão.
- Roupa de banho, óculos de sol, chapéu e protector solar no verão;
- Câmara e telemóvel, pois existem muitas oportunidades para tirar belas fotos. Telemóvel também para ser usado como GPS.
- Mochila para levar tudo isto;
Como sempre, por favor não faça lixo. Traga tudo o que levar consigo.
Para quem vai fazer vários dias é importante notar que existem empresas de transferes que levam as malas para o destino. Assim se quiser levar ainda menos peso, esta pode ser uma boa hipótese. Veja aqui.
Como chegar ao trilho?
Porto Covo fica a cerca de 2 horas de carro Lisboa e de Lagos, pelo que talvez seja boa ideia ir no dia anterior para poder começar bem cedo. Vila Nova de Milfontes não é muito longe e por isso os tempos de viagem são parecidos. Em ambas as vilas pode encontrar lugares para deixar o carro enquanto faz a caminhada.
Caso não queira levar o carro, pode ir de autocarro desde Lisboa. Existe também um autocarro diário da rede expresso que liga Milfontes a Porto Covo (e vice versa) pelo que é possível voltar ao ponto inicial facilmente. Alternativamente, e caso o horário do autocarro não seja conveniente existem taxis e empresas de transferes que fazer esse serviço.
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