A Rota dos Túneis é um dos trilhos mais conhecidos e populares em Espanha, mas é também extremamente popular entre portugueses, e por isso decidimos abrir uma exceção e publicar este artigo. Apesar de ter sido oficialmente inaugurada apenas em 2022, já era conhecida por muitos devido à sua espetacularidade e grandiosidade.
Neste artigo, exploramos tudo o que precisa saber para percorrer a Rota dos Túneis, que atravessa a fronteira entre Espanha e Portugal! O percurso começa na pequena aldeia de La Fregeneda e vai até à ponte internacional sobre o rio Águeda, em Barca d’Alva, seguindo sempre pelo antigo caminho de ferro. Daí o seu nome original em espanhol, “Camino de Hierro”.
Em Portugal, este percurso é conhecido como Rota dos Túneis e Pontes, e a razão é igualmente clara. O principal destaque desta caminhada são os 20 túneis e 13 pontes que temos de atravessar em pouco mais de 17 km.
Trilho da Rota dos Túneis e Pontes – Camino de Hierro
- Nome: Camino de Hierro
- Inicio – Antiga estação ferroviária de La Fregeneda
- Fim – Ponte Internacional na fronteira de Barca d’Alva
- Distância – 17 km
- Tempo necessário – 5 a 6 horas
- Dificuldade física – Moderada, apenas devido à distância.
- Dificuldade técnica – fácil – só é problemático se tiver medo de alturas ou vertigens
- Tipo – Linear, só ida
- Sinalização (1-5) – 5, temos de seguir o caminho de ferro
- Destaques: Desfiladeiros, túneis e pontes. Toda a paisagem envolvente com oliveiras, amendoeiras e o rio Águeda.
- Pode fazer download do panfleto aqui.

Bilhetes e entrada no Camino de Hierro
Desde que foi criado oficialmente, o “Camino de Hierro” é um trilho pago e com entradas limitadas. Assim, para poder fazer esta caminhada, precisa de comprar bilhetes no site oficial. Em 2024, os bilhetes custam 8 euros, havendo descontos para grupos, crianças e idosos.
É importante destacar que não há bilheteira na entrada do trilho. Apenas se pode comprar online, até às 17h (hora de Espanha) do dia anterior. Além disso, cada caminhante tem de trazer a identificação consigo para confirmação do bilhete na entrada.
Além da reserva e compra de bilhete antecipado, é importante notar que as entradas para o trilho apenas podem ser feitas dentro de um horário específico:
- De 15 de outubro a 31 de março, a entrada deve ocorrer entre as 9:00 e as 10:00 (hora de Espanha), ou seja, entre as 8:00 e 9:00 em Portugal.
- De 1 de abril a 14 de outubro, a entrada é permitida entre as 7:30 e 8:30 (hora de Espanha), correspondendo às 6:30 e 7:30 em Portugal.
O caminho tem hora de fecho às 16h30 (15h30 em Portugal) no horário de inverno e às 15h00 (14h00 horário de Portugal) no horário de verão.
Confirme sempre a informação acima no site oficial, pois os custos e horas de entrada podem ser atualizados a qualquer momento.
Além de permitir a entrada no trilho, a compra do bilhete permite também a utilização do shuttle, que traz os caminhantes do final do percurso de volta ao ponto inicial, tornando a logística muito mais simples. Pode ver mais informações sobre o shuttle em baixo.

Entrada e bilheteira do Camino de Hierro/ Rota dos túneis
O que é o Camino de Hierro / Rota dos túneis
O Camino de Hierro é um trilho linear de 17 km com início na estação de La Fregeneda e término no Cais de Vega Terrón, junto à Ponte Internacional. Em Portugal, este trilho é também conhecido como a Rota dos Túneis e das Pontes.
Estes 17 km de percurso pedonal são apenas uma pequena parte dos 77 km da Linha do Douro. Estes foram fechados ao tráfego e recondicionados para integrar a beleza natural do Parque Natural de Arribes do Douro e a imponência da antiga linha do Douro, na sua secção mais espetacular.
A antiga linha do Douro foi construída no século XIX, entre 1883 e 1887, para facilitar a ligação entre Porto e Salamanca. O maior destaque desta linha são os 20 túneis e 10 pontes metálicas, algumas das quais projetadas pela escola de Eiffel que tornam esta obra uma das mais grandiosas de engenharia civil da época.
É um trilho de acesso limitado e, para o qual, é necessário comprar bilhete online Este percurso pedonal é muito popular, pois segue um pequeno trecho da antiga linha do Douro espanhola que ligava La Fuente de San Esteban a Barca d’Alva, na província de Salamanca, Castilla y León.
Esta é uma caminhada diferente, aventureira e uma experiência de contrastes, pois varia entre a completa escuridão de alguns túneis e as alturas de algumas das pontes. Pelo meio, temos a não menos impressionante beleza do Parque Natural.

Nossa experiência na Rota dos túneis
A Rota dos Túneis é uma caminhada longa por uma região conhecida pelas muito altas temperaturas no verão e bastante frias no inverno. Por isso, a entrada na caminhada é controlada e deve ser feita dentro de um horário específico (explicado acima).
Assim, a primeira coisa a fazer é planear a viagem para chegar lá dentro do horário de entrada. No nosso caso, entre as 9:00 e as 10:00, conforme o horário de inverno. Reforçamos que, se chegar fora deste horário, não poderá fazer a caminhada, mesmo que tenha comprado os bilhetes.
Ao chegar à antiga estação de La Fregeneda, deverá ter consigo os bilhetes (pode ser no telemóvel) e a identificação para cada um dos caminhantes. Deve manter ambos consigo durante toda a caminhada. Após a verificação dos bilhetes e respetivas identificações, serão dadas algumas indicações e instruções para a caminhada. As mais importantes são:
- É obrigatório o uso do colete refletor durante toda a caminhada. O colete, fornecido na entrada, deve ser devolvido no final do percurso.
- É fornecida uma lanterna para uso nos túneis. Evite iluminar o teto com as lanternas, onde residem os morcegos. Tal como o colete, deve ser devolvida no final do percurso.
- Nos túneis, deve-se caminhar pelo meio da linha, pois é onde o caminho está em melhores condições.
- Nas pontes, Nas pontes, caminhe pelas bermas, pois oferecem maior segurança.

Após estas breves instruções, podemos finalmente começar a caminhada, que dura entre 5 e 6 horas, com bastantes paragens para fotografias, apreciar a paisagem, almoçar e beber água. É importante reforçar que, apesar de serem 17 km, não é uma caminhada especialmente dura, pois é sempre em ligeiríssima descida.
Logo após os primeiros 500 metros, aparece um primeiro túnel. Este é o maior dos túneis que vamos atravessar e tem 1,5 km. Apesar de muito longo, é sempre em linha reta e, por isso, vê-se a saída desde o início, mas ainda assim é necessário algum tempo para nos habituarmos à escuridão.

A partir daqui, temos uma longa sucessão de túneis e pontes que batizaram este percurso em Portugal. O túnel mais conhecido (e o segundo mais longo) é o túnel 3, devido à colónia de morcegos. Por vezes, este túnel está fechado e é necessário fazer um desvio à volta da montanha, que tem mais alguns km. Quando fomos, o túnel estava aberto, pelo que não fizemos o desvio.
A partir do túnel 3, passamos a ter o rio Águeda do nosso lado esquerdo. O rio Águeda serve de fronteira entre Portugal e Espanha, pelo que, do outro lado do rio, estamos a ver Portugal. Notem como Portugal é muito mais bonito que Espanha… 🙂
A caminhada é bastante homogénea, com algumas pontes imponentes e túneis escuros, especialmente os que são em curva. A paisagem é também belíssima e típica da região, cheia de oliveiras e amendoeiras.

Tal como dissemos, os túneis maiores são os iniciais (1, 3 e 6), sendo que muitos dos outros são bastante curtos. No entanto, as pontes são quase sempre imponentes e, por vezes, a altura destas pode ser problemática para quem não gosta de alturas.
Seja como for, tanto os túneis como as pontes atravessam-se bem e é uma aventura bem divertida, que pode ser feita por quase toda a gente.
No km 11, encontram-se as únicas casas de banho do percurso, oferecendo uma boa oportunidade para parar e descansar. No entanto, existem imensos locais estupendos para fazer um pequeno piquenique.

A parte final deste percurso é menos acidentada, pelo que temos menos túneis e pontes, mas a beleza natural está lá. Após algumas horas de caminhada pelas travessas de madeira dos carris ou pela típica pedra solta dos caminhos de ferro, o cansaço começa a acumular, mas estamos quase no fim. Além do mais, não há outra forma de sair do caminho que não seja terminar a caminhada…
Mesmo no final, não se esqueça de atravessar a ponte internacional para Portugal para finalizar a caminhada. O transporte de volta para o início está incluído no bilhete, pelo que temos de voltar para a Espanha para a paragem indicada junto ao café-restaurante.

Como voltar ao início do trilho
Tal como referimos acima, há um shuttle oficial que leva os caminhantes do final do trilho para o seu início, ou seja, onde deixou o carro. O shuttle é gratuito para os visitantes do Camino de Hierro, pois o custo está incluído no bilhete de entrada.
O shuttle não tem horário fixo nem frequência definida. A organização do Camino de Hierro ajusta o número e a frequência das viagens de acordo com o número de visitantes. Para o apanhar, dirija-se à paragem junto ao café/restaurante e aguarde o próximo.
Na nossa experiência, a espera é geralmente de apenas alguns minutos, por isso não é uma grande preocupação. A única coisa a ter em atenção é que o último shuttle sai à hora de chegada do último visitante.

Melhor altura do ano para fazer o Camino de Hierro
O percurso está aberto durante todo o ano, pelo que é perfeitamente possível fazer a caminhada em qualquer época. No entanto, temos de referir que esta região é muito quente no verão e bastante fria no inverno.
Na nossa opinião, as melhores alturas para o fazer serão com temperaturas amenas ou no inverno, desde que não haja previsão de chuva ou neve. Assim, a primavera e o outono serão as melhores estações para realizar esta caminhada.
Se visitar em fevereiro/março, poderá até ver as amendoeiras em flor,o que adiciona uma beleza especial à região. Quando fizemos a caminhada no início de março, a temperatura foi ideal, pois estava sol, mas fresco, tornando a caminhada muito agradável. Além disso, havia muitas amendoeiras em flor.
No verão, o sol e o calor podem tornar a caminhada bastante difícil. Lembre-se de que este percurso é curioso por seguir os antigos trilhos da Linha do Douro, e por isso as únicas sombras disponíveis são os túneis. É por isso mesmo que o horário de entrada é tão cedo no verão.

Ao fundo uma paisagem de oliveiras visível ao longo do trilho da Rota dos Túneis
Quem pode fazer o Camino de Hierro?
Este é um trilho bastante longo, mas como segue os carris da antiga Linha do Douro, não tem qualquer elevação ou colina. De facto, e apesar de não ser muito percetível, o caminho é sempre em descida.O desnível total é de 330 metros negativos. Assim, a maior dificuldade é mesmo a distância.
Além da distância, é preciso ter em atenção que o percurso passa por alguns túneis sem iluminação e algumas pontes muito altas. Pessoas com medo de alturas, vertigens ou acrofobia podem encontrar dificuldades.
Além disso, qualquer pessoa que consiga caminhar por 5 a 6 horas pode fazer a rota dos túneis e pontes e usufruir desta maravilhosa aventura. Mesmo crianças e pessoas mais velhas não terão problemas, desde que consigam fazer caminhadas longas.
O trilho não é adequado para pessoas com problemas de mobilidade, cadeiras de rodas ou crianças pequenas.

O que levar para o Camino de Hierro?
Como o trilho não é técnico e a organização fornece o material necessário (colete e lanterna), não é preciso levar equipamento especifico e inhabitual. No entanto, por ser uma caminhada longa e sem lojas ou cafés ao longo do percurso, é importante levar tudo o que for necessário. Assim, aconselhamos que leve:
- Muita água, especialmente no verão (no mínimo 1 litro por pessoa);
- Alguns snacks e almoço, pois vai começar bastante cedo e ficar na caminhada durante bastantes horas. No final do trilho, há um pequeno restaurante, caso esteja a planear finalizar o trilho rápido e à hora de almoço;
- Calçado de caminhada resistente e confortável — Recomendamos botas de caminhada, especialmente devido às pedras. Se a sola das sapatilhas for muito fina, os pés vão-se queixar passado algum tempo de caminhada na gravilha dos caminhos de ferro;
- Roupa confortável e leve no verão;
- Casaco de chuva e roupa quente no inverno — O caminho tem partes bastante descobertas e pode fazer algum frio;
- Óculos de sol, chapéu e protetor solar, especialmente no verão, mas serão úteis durante todo o ano;
- Câmara e telemóvel, pois existem muitas oportunidades para tirar belas fotos. O telemóvel também pode ser usado como GPS. Não se esqueça de fazer o download do track do percurso;
- Mantenha sempre o colete vestido e use a lanterna de acordo com as instruções dentro dos túneis;
- Mochila pequena para levar tudo isto.
Este percurso passa por zonas protegidas, contribua para a sua proteção e assegure a sua biodiversidade através da conservação deste habitat natural. Leve todo o lixo que produzir e, se possível, recolha também o que encontrar.

Como chegar ao trilho?
A melhor forma de chegar ao trilho de forma independente é de carro. Não temos conhecimento de haver transportes organizados para o início do trilho, mas é possível que existam durante a época alta.
Existem também bastantes tours organizados por empresas especializadas em caminhadas. No entanto, se estiver acostumado a trilhos ou caminhadas longas, pode fazer o Camino de Hierro por conta própria. Está tudo perfeitamente organizado, e é impossível perder-se, pois é só seguir a linha.
Partindo de Portugal, a forma mais fácil é ir até Barca d’Alva, atravessar a fronteira e seguir em direção a La Fregeneda. Em La Fregeneda, continue pela estrada principal, saia da aldeia e siga por mais cerca de 1 km até encontrar a indicação do início do percurso.
Aí, deve virar à esquerda para um caminho em terra batida (não se preocupe, qualquer carro passa por lá) e seguir durante algumas centenas de metros até à antiga estação de La Fregeneda. Na estação, encontrará lugares para estacionar o carro, a bilheteira, painéis informativos e o início do percurso.

Onde ficar quando fizer a rota dos túneis e pontes?
Uma vez que existe um horário específico para a entrada no trilho, é crucial planear com atenção onde ficará na noite anterior. Isto é particularmente relevante no verão, quando a hora de entrada é bastante cedo, entre as 7:30 e as 8:30 (6:30 a 7:30 em Portugal). Recomendamos, portanto, que durma o mais próximo possível da entrada, ou seja, em La Fregeneda.
Apesar de ser uma aldeia muito pequena, existem vários alojamentos em La Fregeneda, muitos deles antigas casas renovadas para alojamento local. Em geral, os preços são bastante convidativos para grupos e famílias, pois são casas com vários quartos e camas.
Optamos por ficar na Casa Rural El Cubano e gostamos bastante, pois permitiu-nos jantar e tomar o pequeno-almoço em casa sem grandes preocupações. Veja aqui mais informações e preços.
Outra boa opção parece ser a La Morada del Tejar, especialmente para grupos grandes, pois tem 3 quartos e 7 camas. Veja aqui preços e reviews.
Se preferir passar a noite em Portugal, Barca d’Alva não tem muitas opções de alojamento, mas pode também tentar ficar em Torre de Moncorvo, Figueira de Castelo Rodrigo e até Foz Côa (e aproveitar para ver as gravuras).
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