A Rota da Caniça (PR10 Seia) foi um dos percursos pedestres que mais nos surpreendeu nos últimos anos. Nunca tínhamos ouvido falar deste trilho, mas foi-nos recomendado pelo Centro de Interpretação da Serra da Estrela, em Seia, como uma excelente opção para o inverno pois fica a baixa altitude e por isso sem neve.
Após fazermos o trilho, podemos garantir que é um dos melhores trilhos em Portugal e merece ser visitado por todos os que gostam de fazer percursos pedestres, e em qualquer altura do ano, desde que não chova.
Com cerca de 7 km e um desnível acumulado de quase 500 metros concentrados sobretudo a meio do percurso, o trilho da Rota do Caniço – PR10 Seia é de dificuldade moderada. É um trilho circular e como tem um amplo parque de estacionamento no seu início/fim não terá com que se preocupar com a logística.
O nível de dificuldade “algo difícil” resulta de algumas subidas íngremes, e sobretudo da subida após os cornos do Diabo. É bem dura e inclinada como veremos em baixo.
O percurso está muito bem sinalizado, mas recomendamos sempre fazer o download do trilho para GPS, para evitar contratempos caso se perca ou não encontre alguma sinalização.

Rota da Caniça – Informação Geral
- Nome: Rota da Caniça
- Inicio – Igreja de Lapa dos Dinheiros
- Fim – Igreja de Lapa dos Dinheiros
- Distância – 7 km
- Tempo necessário – Cerca de 3 horas, dá perfeitamente para ser um pouco menos, mas nós não somos caminhantes rápidos.
- Dificuldade – Moderada
- Máx/min altitude: 622/922 metros
- Ganho de altitude: Quase 500 metros
- Tipo – Circular
- Sinalização (1-5) – 5, está muito bem sinalizado
- Destaques: Lapa dos Dinheiros, Cornos do Diabo, Buraco do Sumo, Quedas da Caniça.
- Pode fazer download do panfleto aqui

Nossa experiência na Rota da Caniça, Seia
Sendo um percurso circular, a Rota da Caniça (PR10 Seia) começa e termina junto à igreja Matriz de Lapa dos Dinheiros. Lá vai encontrar um painel informativo e setas indicando o percurso e direção recomendada. É possível fazer em ambas as direções, mas seguiremos no sentido dos ponteiros do relógio tal como recomendado oficialmente.
A primeira parte do percurso faz-se dentro da aldeia de Lapa dos Dinheiros, mas rapidamente chegamos a um ponto onde temos de sair do caminho principal e começar a descer para o Souto da Lapa, um bosque de castanheiros centenários que abriga uma elevada diversidade de espécies de fauna e de flora.

Esta é uma floresta particularmente bonita e apesar de inicialmente descer e depois voltar a subir para uma altitude inicial, o percurso é bastante acessível. Durante esta parte consegue-se também ver ao longe a Central Hidroelétrica de Ponte dos Jugais.
Após cerca de 1.5 km, chegamos à praia fluvial da Lapa dos Dinheiros. É uma praia muito bonita e com certeza extremamente agradável no Verão. No Inverno nem nos passa pela cabeça tocar na água, mas por outro lado a potência das águas impressiona.

Depois da praia fluvial continuamos pelo estradão, mas logo de seguida temos um desvio para ir ver as Quedas da Caniça. O caminho para chegar perto das quedas é bastante a descer e por isso exige alguma atenção, mas vale bem a pena. Apesar de não serem umas quedas de água muito conhecidas são bastante impressionantes no Inverno devido ao elevado caudal da Ribeira da Caniça.

Para continuar o trilho, infelizmente temos mesmo de voltar atrás e logo a seguir, enfrentamos uma longa e bastante íngreme subida de quase 1 km. Não parece assim tanto, mas ainda custa. A boa noticia é que esta parte é toda em estradão e por isso sem qualquer dificuldade técnica.
No final da subida, chegamos a um cruzamento onde devemos virar à direita, em direção aos Cornos do Diabo, e é aqui que se inicia a nossa parte favorita do trilho. Os próximos cerca de 2 km fazem-se ao longo de uma levada enorme e que no inverno leva imensa água.
Este caminho leva-nos até à nascente da Levada, e por isso é sempre ligeiramente a subir, mas quase não se nota. É uma das secções mais bonitas do trilho, com a água a correr ao longo da levada e o trilho ladeado por vegetação exuberante. Temos também bonitas vistas para o vale.

Pouco antes da fonte da levada, encontramos uma indicação para virar à esquerda para o Buraco do Sumo, no entanto, antes de o fazer, siga em frente por mais 50 a 100 metros, até ao final do percurso. Lá vai ter umas cascatas e os Cornos do Diabo. Se tiver chovido nos dias anteriores, estas cascatas tornam-se ainda mais impressionantes devido ao aumento do caudal.
Os Cornos do Diabo são uma curiosa formação rochosa que fica do outro lado da ribeira e no topo de uma rocha. Como o nome indica, parecem uns cornos. Todo este local é fascinante, combinando as formações rochosas, a nascente da levada e as cascatas num único ponto de interesse.

Voltando para o nosso trilho, chegamos à subida mais íngreme e técnica da caminhada. Aconselhamos muito cuidado pois o caminho é mesmo montanha acima, com muitas pedras soltas, podendo tornar-se escorregadio e perigoso. São apenas 100 ou 200 metros, mas se não estiver habituado a este tipo de terreno, pode ser um desafio e risco.

Após esta pequena secção técnica, o caminho continua a subir, mas agora é bem mais fácil. Rapidamente chegamos ao Buraco do Sumo, um local curioso onde a Ribeira da Caniça corre subterraneamente, devido ao acumular de enormes blocos graníticos que deslizaram das encostas vizinhas e cobriram o leito da Ribeira.
A partir do Buraco do Sumo, o trilho continua a subir durante mais umas centenas de metros, mas mais levemente até chegarmos ao ponto mais alto de todo o percurso. Nesta zona temos bonitas vistas para o vale.

Eventualmente, chegamos a um novo cruzamento onde temos de virar à esquerda e começar a descida. A partir daqui é muito rápido, começando num estradão, antes de entrarmos numa densa mata, atravessar nova levada (esta bem mais pequena) e em pouco tempo temos Lapa dos Dinheiros à vista.
A parte final da descida é bastante inclinada e pode tornar-se cansativa, mas não apresenta grande dificuldade técnica.

Melhor altura do ano para fazer o trilho
A Rota da Caniça pode ser percorrida ao longo de todo o ano, sendo que cada estação tem as suas vantagens. Este não é um trilho muito conhecido, pelo que nunca encontrará grandes multidões, exceto talvez na zona da praia fluvial durante o verão.
No Verão, é importante ter atenção ao calor, mas o percurso passa por muitas zonas arborizadas onde se pode descansar do sol. Leve bastante água, chapéu e protetor solar. Se estiver calor, pode valer a pena levar roupa de banho para dar um mergulho na bela praia fluvial.
O Inverno acaba por ser uma altura muito interessante para fazer a Rota da Caniça pois vai ver as linhas de água com muita corrente e sobretudo as cascatas em todo o seu esplendor. Além disso, é uma ótima alternativa para caminhar quando as zonas mais altas da Serra da Estrela estão cobertas de neve.
Se for em época de chuva, tenha especial atenção a algumas secções do trilho, pois há zonas bastante inclinadas que podem tornar-se escorregadias e perigosas. Use calçado adequado e caminhe com precaução.

Quem pode fazer a Rota da Caniça?
Com cerca de 7 km e dificuldade moderada, este trilho exige algum esforço e é mais adequado para quem já tem alguma experiência em caminhadas. Não é necessário ser um especialista em trilhos de montanha, mas é importante ter alguma prática, sobretudo por causa da descida à Cascata da Caniça e a subida para o Buraco do Sumo.
Se está habituado a caminhadas de montanha, este é trilho é perfeito para si. Além disso, está bem marcado, pelo que não terá grandes preocupações com a navegação. No entanto, se não costuma caminhar, tem problemas de equilíbrio ou falta de flexibilidade, este percurso pode não ser a melhor opção. Também não é recomendado para crianças pequenas, devido à sua inclinação e às secções mais técnicas.

O que levar?
Embora a Rota da Caniça não seja um trilho muito longo, é sempre importante estar bem preparado. Devido às zonas mais inclinadas que referimos, aconselhamos que leve calçado de caminhada com sola antiderrapante – vai facilitar imenso a sua vida.
Quanto a comidas e bebidas, se estiver a percorrer o trilho durante a época balnear, o bar de apoio à praia deverá estar aberto. Caso contrário, não há mais nenhum lugar para comprar snacks/bebidas ao longo do período. Só em Lapa dos Dinheiros e mesmo aí não são muitas as opções.
Assim, aconselhamos que traga:
- Bastante água (cerca 1l por pessoa, mais se for verão);
- Snacks;
- Calçado de caminhada confortável e que não escorregue;
- Roupa confortável;
- Casaco de chuva, no Inverno;
- Roupa de banho, óculos de sol, chapéu e protetor solar no verão;
- Câmara e telemóvel, pois existem muitas oportunidades para tirar belas fotos. Telemóvel também para ser usado como GPS;
- Mochila pequena para levar tudo isto;
Como sempre, não se esqueça de não deixar lixo. Traga tudo o que levar consigo.

Como chegar ao início do trilho?
O início da rota da Caniça dificilmente poderia ser mais fácil de encontrar, pois começa junto à igreja matriz da Lapa dos Dinheiros. No local, encontrará alguns lugares para estacionar, bem como um painel informativo com mapa e informações gerais sobre o trilho.
Para chegar à Lapa dos Dinheiros, o melhor é ir sempre a Seia primeiro (e até pode aproveitar para comprar alguma coisa que necessite antes da caminhada). Seia fica a cerca de 280 km de Lisboa, o que equivale a 3 horas de viagem, e a cerca de 170 km do Porto, o que leva aproximadamente 2 horas.
A partir de Seia tem que ir em direção ao Sabugueiro na EN339 e virar à esquerda na M522 para a Lapa dos Dinheiros. A estrada M522 entre Seia e Lapa dos Dinheiros é estreita e sinuosa, mas asfaltada e acessível para qualquer carro.

Onde ficar quando fizer o trilho da Rota da Caniça, Seia?
Como pode ver pelas distâncias e tempos de viagem explicados acima, Este trilho pode ser feito no próprio dia de viagem. No entanto, voltar no mesmo dia pode ser um pouco cansativo… Ou seja, possível, mas talvez desaconselhável.
Assim, se preferir aproveitar mais a região, aconselhamos que passe pelo menos uma noite na Serra da Estrela, de preferência em Seia, onde temos outros pontos de interesse como o Sabugueiro, o Museu da Eletricidade, Museu do Pão, e o Centro de Interpretação da Serra da Estrela.
Os alojamentos mais próximos do início do trilho são os que ficam na Lapa dos Dinheiros, mas existem imensas opções relativamente perto. As nossas sugestões passam por:
- Casas Da Lapa, Nature & Spa Hotel – um hotel de luxo que fica mesmo em Lapa dos Dinheiros. Tem Jardim, restaurante próprio, piscina exterior e interior, e muitas outras amenidades. É um dos melhores hotéis da Serra da Estrela. Reserve aqui.
- O Vicente – Fica em Loriga, a cerca de 5 km do trilho. É um hotel barato, mas com excelentes condições. Além de ser hotel é também um dos mais conhecidos restaurantes da Serra da Estrela. Veja disponibilidade aqui.
- Quinta da Cerdeira – Se preferir ficar em Seia, e por isso mais próximo de vários restaurantes e museus, a Quinta da Cerdeira é uma excelente opção, com uma ótima relação qualidade-preço. Veja fotos e preços aqui.
Boas caminhadas!
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