Last Updated on 2024-07-31 by Claudia Bastos
Apesar de ser um País territorialmente pequeno, Portugal possui uma variedade e quantidade de vinhos que o torna excepcional. Cada vez mais os vinhos Portugueses ganham honrosos prémios em concursos internacionais de grande qualidade. Não apenas por uma marca, uma casta ou uma região, mas pela generalidade dos vinhos, e entre eles o vinho verde – um vinho que sempre foi popular em Portugal – mas cuja popularidade além fronteiras tem crescido exponencialmente nas últimas décadas.
O vinho verde, só existe em Portugal, e apenas no noroeste, em concreto na região conhecida como Entre-Douro e Minho. Têm denominação de origem controlada e por isso são controlados e certificados um selo de garantia nas suas garrafas.
Único no mundo, o vinho verde caracteriza-se pela cor citrina, aromas frutados e florais, frescos com sabor macio e muito equilibrado, corpo leve, acidez perfeita, baixo teor de álcool e excelente harmonia e persistência na boca.
Porquê vinho verde?
Na realidade não há uma só explicação, mas várias… qual delas a mais verdadeira, é dificil dizer e por isso deixamos ao seu critério:
- Vinho Verde porque é um vinho que deve ser consumido jovem.
- Vinho Verde porque relacionado com a sua acidez e frescura.
- Vinho Verde porque a sua origem no Minho de paisagens húmidas, muito verdes e exuberantes. A paisagem deu o nome ao vinho.
Por outro lado, existem duas explicações e caracteristicas que não passam de lendas.
- O vinho verde não tem cor verde – pode ser branco, tinto ou rosé. Podem ser espumantes ou não, sendo que os espumantes tanto podem ser tintos como brancos.
- As uvas não são colhidas verdes, ou antes da sua maturação. São colhidas maduras tal como nos outros tipos de vinhos.
Características do Vinho Verde
Apesar de poder ser branco ou tinto (ou até rosé), de poder ser espumantes ou não e de ter uma diversidade enorme de castas o vinho verde apresenta um conjunto de caracteristicas comuns.
Assim, o vinho verde é:
- Leve
- Fresco
- Refrescante
- Elevada acidez
- Baixo teor alcoólico.
- E por vezes um toque gasoso.
De onde vem o vinho verde?
Como referimos anteriormente o vinho verde é único. Não existe em mais lado nenhum, é produzido na maior região demarcada de Portugal e uma das maiores da Europa.
Instituída em Setembro de 1908, a região do vinho verde situa-se entre os rios Minho e Douro, estende-se por 48 concelhos e mais de 20.000 produtores. É uma zona de minifúndio composta por pequenas propriedades.
Toda a região é um vasto anfiteatro que vai subindo da orla marítima, elevando-se gradualmente do litoral para o interior, expondo toda a área à influência do Oceano Atlântico. A orientação dos vales e rios (Minho, Lima, Cávado, Ave e Douro), que correm de nascente para poente, facilitam a penetração dos ventos maritimos.
Esta influência marítima, mais os solos de origem granítica, o clima ameno e a elevada precipitação, constituem o terroir do vinho verde.
Porém foi necessário, dividir a região demarcada por nove sub-regiões, devido a variações na tipologia dos solos e microclimas, à utilização de diferentes castas, que melhor se adaptam a estas sub-regiões.
Assim, dentro da grande região demarcada do vinho verde temos as sub-regiões e as seguintes castas:
- Amarante: compreeende os concelhos de Amarante e Marco de Canaveses, a maturação é mais tardia. Os brancos são azal e avesso, enquanto que os tintos são amaral e vinhão. O espadeiro é a casta para os rosés desta região.
- Ave: compreende os concelhos de VN Famalicão, Fafe, Guimarães, Santo Tirso, Trofa, Póvoa de Varzim e Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila do Conde e Vizela. Vinhos brancos das castas: arinto, loureiro e trajadura.
- Baião: abrange os concelhos de Baião e Resende, e parte de Cinfães. As castas principais são o azal e o avesso nos brancos, no tinto o amaral.
- Basto: compreende os concelhos de Celorico, Cabeceiras, Mondim de Basto e Ribeira de Pena, nos brancos temos a casta azal, nos tintos, o espadeiro e o rabo de anho são as castas mais usadas.
- Cávado: Alberga os concelhos de Esposende, Barcelos, Braga, Vila Verde, Amares e Terras de Bouro. As castas de branco são: arinto, loureiro, e trajadura. Nos tintos vinhão e borraçal.
- Lima: inclui Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez. As castas mais usadas são o Loureiro para os brancos, e o Vinhão e Barroçal para os tintos.
- Monção – Melgaço: integra os concelhos de Monção e Melgaço. Este é o reino do Alvarinho Branco a casta mais nobre do vinho verde, que vamos falar um pouco mais em baixo.
- Paiva: integra os concelhos de Castelo de Paiva e parte de Cinfães. Nos brancos dominam as castas: arinto, loureiro, trajadura e avesso. Nos tintos temos sobretudo amaral e vinhão.
- Sousa: compreende os concelhos de Paços de Ferreira, Paredes, Lousada, Felgueiras e Penafiel. Nos brancos temos as castas arinto, loureiro, trajadura, azal e avesso, enquanto que nos tintos temos borraçal, vinhão, amaral e espadeiro.
Castas do Vinho Verde
Apesar do vinho verde ter bastantes caracteristicas comuns, a diversidade de castas na região dos vinhos verdes permite a criação de uma multiplicidade de vinhos com algumas caracteristicas distintas.
De facto, esta diversidade de castas é em si uma caracteritica do vinho verde, o que se traduz numa maior intensidade e especificidade do vinho verde. Muitas destas castas são consideradas autóctones devido à antiguidade da produção de vinho no noroeste de Portugal, e sobretudo por existirem apenas no noroeste ibérico.
Principais castas de vinho verde branco:
- Alvarinho,
- Arinto (Pedernã),
- Avesso,
- Azal,
- Loureiro,
- Trajadura.
Principais castas de vinho verde tinto:
- Alvarelhão,
- Amaral,
- Borraçal,
- Espadeiro,
- Padeiro,
- Pedral,
- Rabo de Anho,
- Vinhão.
Uma referência a duas castas, o vinhão e alvarinho
Alvarinho
O alvarinho pela sua elevada qualidade, grande potencial de guarda e evolução em garrafa, permite a comercialização e exportação nos anos seguintes à sua colheita. É cultivada essencialmente na sub-região de Monção e Melgaço, mas pela sua elevada qualidade, está a ser levada para outras sub-regiões.
O alvarinho é a casta mais nobre do vinho verde, foi e continua a ser o principal responsável pela internacionalização (exportação) do vinho verde.
Vinhão
O vinhão é uma casta de grande expansão em toda a região dos vinhos verdes. Considerada a única casta tintureira, é responsável pelo vinho verde tinto de cor intensa, vermelho granada e aroma pronunciado.
Muito gastronómica, é a única casta de vinho verde cujo vinho servido em malgas ou tigelas, realçando a sua cor vibrante.
Harmonização do Vinho Verde
Como possuem elevada acidez e frescura, os verdes brancos acompanham muito bem as entradas (frias quentes e cruas), bem como pratos de peixe e marisco. Pelas suas caracteristicas é também o acompanhamento ideal da cozinha japonesa.
Por outro lado, os tintos são indicados para refeições mais pesadas, como feijoadas, cozidos á portuguesa, assados de carne, arroz de pato, leitão, etc. A comida tradicional portuguesa é ideal para ser acompanhada por um bom verde tinto.
Os rosés, acompanham enchidos, carpaccios e caldeiradas.
A temperatura a que, um vinho deve ser servido, está relacionada com o teor de acidez. Quanto mais acidez, mais baixa deve ser a temperatura do vinho.
O baixo teor alcoólico é uma das características do vinho verde, nomeadamente em comparação com outros vinhos de outras regiões. No entanto, actualmente já aparecem vinhos verdes que atingem graduações de 11 e 12 graus com alguma frequência.
Produção de Vinho Verde
A produção de vinho verde na campanha de 2021/2022, atingiu os 84,9 milhões de litros, o que corresponde a um aumento de 3,7% em relação a campanha do ano anterior.
As exportações atingiram o valor de 73 milhões de euros, até Novembro de 2021, um aumento de 6,9% em relação ao mesmo periodo do ano anterior.
Actualmente Portugal já exporta mais de 50% da sua produção, para mais de 100 países. Os EUA são o principal cliente, com cerca de 10 milhões de litros, e é um mercado que continua a crescer. Segue-se a Alemanha, Suiça, França, Reino Unido, Angola, Brasil, Canadá e Japão. A Polónia e a Rússia são também mercados que estão em franco crescimento.
Acturalmente o vinho verde já é o 2º vinho mais exportado logo a seguir ao vinho do Porto.
Visitar a região do Vinho Verde
Para terminar, diremos que a região que deu origem aos vinho verde é uma região com paisagens verdes exuberantes. O seu povo é conhecido pela sua hospitalidade, o que que se manifesta na gastronomia, porventura a melhor do país (o que significa muito).
Na região do vinho verde as aldeias e cidades são formosas, os monumentos que ficam na sua memória, o mar e praias magnificas estão sempre presentes. É uma terra de festas e romarias, com um folclore diferenciador, e um vinho único.
Tudo isto numa mesma região que espera pela sua visita – para apreciar o vinho e tudo o resto!
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